"Sim o coração dele batia como um louco e sim eu disse sim eu quero Sims"

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Cardápio de Heloisa Alvarez



EU COMI
Por Heloísa Alvarez
E deveria começar assim toda crítica, ou forma de simples agradecimento, feito por todos que foram alimentados com o espetáculo de sábado.
Sou completamente suspeita para falar. Numa fileira de feitores sendo investigados pelo crime cometido, sou a primeira acusada por morrer de amores por esse grupo. Não poderia ser diferente, estou amando.
Se não for muito abusivo, antes mesmo de falar do espetáculo, gostaria de falar da minha particularidade no momento.
Chegando à casa Guilherme, senti o estomago ansioso. Era um dia de muita expectativa. Senti medo, por saber da tamanha responsabilidade que coloquei no ombro de amigos. Principalmente de três amigos (daqueles com letras grandes, de comercial de cerveja. Amigos de longa data, longa jornada, de admiração eterna). Apenas desejei gostar, gostar muito.
Sentei e esperei. Meu coração apressado bateu devagar em seguida.
Ao final, depois de ter chorado, [rido, corrido, caminhado, empurrado algumas senhoras de idade, visto um rato morto no cemitério, uma banda de jazz em um sebo, tentado observar o inobservável, dançado com Bloom, SIM, dancei] cheguei a ponto de deixar de ser uma observadora pesquisando para uma grande crítica posterior. Percebi que não existiam mais expectativas. Eu disse SIM!
Eu corri tal como os personagens tentando identificar quem era ele eu sou quem e eu ele era eu Eu percebi que eu ele entendi entendeu que de tão perdido o sentimento misturado na ação ele eu dançamos Dancei Corri meu Bloom por meio aos carros buzinando ao som de pessoas tão alienadas em seu pequeno veículo de quatro metros quadros em seus territórios intocáveis longe da turbulência que passou por eles Passei. Fluxo de consciência. Dançando para adiar.
- que horas é o enterro?
- às onze, creio. Não vi o jornal.
Em uma tarde, Dublin, meio a Av. Dr. Arnaldo, passei, vi passar, passamos. Perdidos em um único dia, junto aos muitos pensamentos que não conectam e nem pretendem. Pelos episódios dessa Odisseia, associado pela cor, arte, parte do corpo humano, local, horário, tudo que foi completamente pensado e estruturado.
Odisseu - Ulisses – apenas Poldy, é o guri que sente e que ri com o invisível, em uma caminhada peripatética, dançou.
Quanto ao espetáculo nada tenho a dizer, não sei do que se trata, não pude ver. Estive perdida em uma tarde, uma tarde em meus pensamentos.
"Este é o livro ao qual todos somos devedores, e do qual nenhum de nós pode escapar "

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