LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA
Literatura viva. "Ulisses Molly Bloom - Dançando Para
Adiar", montagem da Companhia Estrela Dalva, adapta o célebre romance de
James Joyce (1882-1941) sem encená-lo todo, mas dando vida a seus personagens
centrais.
Os dramaturgos Lucienne Guedes e Márcio de Castro mantiveram
a estrutura do livro, que narra um dia na vida de Leopold Bloom. As cenas não
se configuram por diálogos e sim por falas isoladas e pelas ações físicas.
O espetáculo se concentra no próprio Bloom e em sua esposa
Molly, que fica em casa quando o marido sai, de manhã, para um périplo que só
terminará à noite. No retorno à casa ele reencontrará Molly na cama, onde ela
teria, na sua imaginação, passado o dia com um amante.
A direção de Marcelo Gianini dá conta da narrativa básica
sem precisar de nenhum didatismo. O texto de Joyce não soa literário e se
encaixa bem nas atuações desenhadas.
Paulo Gircys, como um Bloom entre palhaço e patético, é o
tempo todo assombrado pelas aparições de uma exuberante Molly, na pele da atriz
Lígia Helena, figura de delírio, que oscila entre ser doce e selvagem.
É notável como uma encenação tão simples, apenas com uma
direção de arte elegante e intérpretes generosos, consiga a proeza de traduzir
em miúdos uma obra literária tão complexa.
ULISSES MOLLY BLOOM
QUANDO sex., às 20h, e sáb., às 16h; até 27/10
ONDE Casa das Rosas (av. Paulista, 37, tel.
0/xx/11/3251-5271)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom
(Folha Online:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1159793-critica-interpretes-generosos-traduzem-com-elegancia-um-classico-de-james-joyce.shtml)
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