Não deixem de se inscrever!!!
"Sim o coração dele batia como um louco e sim eu disse sim eu quero Sims"
terça-feira, 21 de maio de 2013
INSCRIÇÕES PRORROGADAS
As Inscrições para o Experimento Finnegans acabam de ser prorrogadas até 03 de junho!
terça-feira, 14 de maio de 2013
OCUPAÇÃO JAMES JOYCE
A Cia. Estrela D’Alva de Teatro desenvolveu ao longo dos
últimos oito anos um trabalho voltado para a palavra teatral – o uso das
palavras da prosa, da poesia, do texto dramático levado a cena.
Ao encontrar a literatura joyceana – idealizando o Projeto
Ulisses – o grupo saltou da pesquisa da palavra para a pesquisa da linguagem. O
oceano de possibilidades apresentado por Joyce não se limitou à literária, não
só porque o próprio suporte da impressão em papel parece às vezes ser
insuficiente durante a leitura, mas porque o dialogo com outras modalidades artísticas
como o teatro, a música, a dança, as artes visuais e tantas outras é o que
caracteriza esse olhar polifônico do autor.
Assim, quando a Cia. Estrela D’Alva encontrou o Ulisses
modernista foi necessário, por exemplo, repensar a especialidade e a realidade
não só ficcional, mas concreta do espetáculo – que encontrou não na tentativa
aleatória de novos formatos, mas em um mergulho profundo na obra, uma estrutura
própria: dentro-fora-dentro, é como o espectador olha para a cena de Ulisses
Molly Bloom – Dançando para adiar, que se inicia em uma pequena sala, convida o
público a caminhar pela sua cidade e retorna ao ponto de partida, completando
uma viagem assim como na trajetória clássica, além de outros aspectos estéticos
que caracterizam a poesia do espetáculo e correm em paralelo a essa proposta
espacial.
OCUPAÇÃO JAMES JOYCE será uma ocupação em parceria com o
CCSP com diferentes eventos focados especificamente na obra de James Joyce a
partir deste ponto de vista de um autor e de uma pesquisa teatral polifônica
passando pelos enfoques do teatro, da literatura e da música.
As ações serão:
TEMPORADA DO ESPETÁCULO "ULISSES MOLLY BLOOM - DANÇANDO PARA ADIAR"
De 07 de junho a 14 de julho - sextas e sábados, 21h00 e domingos, 20h00.
Ingressos: R$15,00 (inteira)
ULISSES MOLLY BLOOM - DANÇANDO PARA ADIAR EM IMPROVISAÇÕES MUSICAIS COM O QUARTETO Á DERIVA.
Apresentação no dia 16 de junho - 20h00 - gratuita.
EXPERIMENTO FINNEGANS
Um experimento artístico de intervenção cênica e urbana a
partir da obra “Finnegans Wake”, do mesmo autor.
O projeto propõe uma primeira experimentação da Cia. em
parceria com artistas na descoberta dos elementos que essa obra nos apresenta a
partir do aprofundamento de três questões que se deram na criação de “Ulisses
Molly Bloom – Dançando para adiar”.
1.
De
como uma estrutura linguística inédita à forma de Finnegans Wake pode ser
disparador de uma nova estética de fruição teatral;
2.
Da
utilização de espaços não convencionais para a criação da cena, sejam eles
internos ou externos ao CCSP;
3.
Da
utilização da música experimental ao vivo como apoio da criação cênica.
Sabemos
que neste livro Joyce já não se sustenta apenas de literatura, a música é um
dos pilares fundamentais da obra. Assim, o diálogo com a música e outras
linguagens seria explicitado pela presença do grupo de música instrumental
contemporânea “Quarteto à Deriva”. Essa exploração será fundamentada e permeada
por alguns aspectos que o grupo procura desenvolver em seu trabalho com a
linguagem: como a busca por novas estruturas espaciais e temporais resultantes
da própria obra de partida, as relações entre a palavra falada e a palavra
cantada, o processo de formação do espectador teatral proposto pela obra
apresentada e outros.
A
Coordenação do experimento será feita por:
Coordenação
geral: Paulo Vitor Gircys, Lígia Helena e Marcio de Castro
Coordenação
dramatúrgica: Marcio de Castro
Trabalhos
de corpo: Carina Prestupa
Trabalhos
de voz: Paula Carrara
Improvisação
musical: Quarteto à Deriva
A Cia. Estrela D´Alva irá selecionar 15
artistas para participarem deste experimento.
Informações sobre a seleção:
Data da
inscrição: de 29 de abril a 22 de maio de 2013.
As
inscrições serão aceitas somente por e-mail.
Enviar
currículo (máximo de duas laudas) com carta de interesse com uma página para: dace.ccsp@gmail.com
Podem
se inscrever artistas das áreas de teatro, música e dança com disponibilidade
para as datas e horários descritos na agenda abaixo.
Agenda do Experimento Finnegans
Encontros
semanais de 05 de junho a 07 de julho.
Quartas,
quintas e sextas, das 10h00 as 13h00.
Apresentações
abertas ao público nos dias 16 de junho e 07 de julho (domingos), as 16h00, e
no dia 05 de julho (sexta-feira), as 14h00.
Serão
selecionados 15 artistas. Haverá uma lista de suplentes caso haja desistência.
O resultado da seleção será divulgado no dia 29 de maio no site do CCSP.
Não
serão aceitas inscrições incompletas ou fora da data estipulada. Mais informações em:
http:// www.centrocultural.sp.gov.br/ programacao_cursos_e_oficinas.h tml#teatro
segunda-feira, 13 de maio de 2013
O Cardápio de Heloisa Alvarez
EU COMI
Por Heloísa Alvarez
E deveria começar assim toda crítica, ou forma de simples
agradecimento, feito por todos que foram alimentados com o espetáculo de
sábado.
Sou completamente suspeita para falar. Numa fileira de
feitores sendo investigados pelo crime cometido, sou a primeira acusada por
morrer de amores por esse grupo. Não poderia ser diferente, estou amando.
Se não for muito abusivo, antes mesmo de falar do
espetáculo, gostaria de falar da minha particularidade no momento.
Chegando à casa Guilherme, senti o estomago ansioso. Era um
dia de muita expectativa. Senti medo, por saber da tamanha responsabilidade que
coloquei no ombro de amigos. Principalmente de três amigos (daqueles com letras
grandes, de comercial de cerveja. Amigos de longa data, longa jornada, de
admiração eterna). Apenas desejei gostar, gostar muito.
Sentei e esperei. Meu coração apressado bateu devagar em
seguida.
Ao final, depois de ter chorado, [rido, corrido, caminhado,
empurrado algumas senhoras de idade, visto um rato morto no cemitério, uma
banda de jazz em um sebo, tentado observar o inobservável, dançado com Bloom,
SIM, dancei] cheguei a ponto de deixar de ser uma observadora pesquisando para
uma grande crítica posterior. Percebi que não existiam mais expectativas. Eu
disse SIM!
Eu corri tal como os personagens tentando identificar quem
era ele eu sou quem e eu ele era eu Eu percebi que eu ele entendi entendeu que
de tão perdido o sentimento misturado na ação ele eu dançamos Dancei Corri meu
Bloom por meio aos carros buzinando ao som de pessoas tão alienadas em seu
pequeno veículo de quatro metros quadros em seus territórios intocáveis longe
da turbulência que passou por eles Passei. Fluxo de consciência. Dançando para
adiar.
- que horas é o enterro?
- às onze, creio. Não vi o jornal.
Em uma tarde, Dublin, meio a Av. Dr. Arnaldo, passei, vi
passar, passamos. Perdidos em um único dia, junto aos muitos pensamentos que
não conectam e nem pretendem. Pelos episódios dessa Odisseia, associado pela
cor, arte, parte do corpo humano, local, horário, tudo que foi completamente
pensado e estruturado.
Odisseu - Ulisses – apenas Poldy, é o guri que sente e que
ri com o invisível, em uma caminhada peripatética, dançou.
Quanto ao espetáculo nada tenho a dizer, não sei do que se
trata, não pude ver. Estive perdida em uma tarde, uma tarde em meus
pensamentos.
"Este é o livro ao qual todos somos devedores, e do
qual nenhum de nós pode escapar "
Anotações de Viagem de Adélia Nicolete
Tenho
notado de uns tempos para cá, como espectadora, dois tipos de espetáculo que
fogem aos padrões dramáticos. Um deles já nasce como acontecimento, dada sua
contundência, sua clareza, sua potência comunicativa. É como se estivessem
prontos, em estado de latência, esperando somente que algumas conjunções se
fizessem para que viessem à luz, e cumprissem seu destino já determinado. Nesse
tipo de espetáculo todas as transgressões parecem cabíveis e a nossa posição de
espectadores, embora alterado o esquema de séculos de frontalidade e aparente
passividade, adequa-se até com certa facilidade a elas.
Já o
outro tipo congrega um número bem maior de experiências, e se refere a
trabalhos que se situam entre a negação de modelos consagrados e a conquista de
novos paradigmas que ainda não estão bem claros. Creio que é desses espetáculos
que parte do público diz “não entendi nada”, “teatro contemporâneo é tudo
assim, estranho”, sem compreender a função que eles exercem na renovação
constante da linguagem.
Nessas
ocasiões, o espectador também é convidado a rever seu papel. Se até hoje muitas
(e ótimas) produções mantêm a prática de entreter o público, oferecendo a ele
um tipo de fruição que vai ao encontro de suas referências e, por isso, tende a
reafirmá-las, outras há que subvertem as expectativas, que estimulam à
ampliação das referências. Fazem isso jogando com o corpo do espectador, seus
sentidos, trabalhando com sonoridades mais do que com o sentido das palavras
etc.
Enfim,
propõem um novo pacto entre cena e plateia que, mesmo não se instalando de
forma contundente e clara como os espetáculos do “primeiro tipo”, cumprem a
missão de testar novas possibilidades de relação e conformação.
Ulisses
Molly Bloom – dançando para adiar situa-se, a meu ver, neste segundo caso. A coragem
e a ousadia de trazer para a cena aspectos da famosa obra de James Joyce aponta
caminhos para outras propostas do gênero. Um texto que representa as primeiras
tentativas de modernização do romance não poderia ser adaptado para o teatro
simplesmente com base em seu enredo. Seria preciso que também a linguagem
teatral fosse confrontada. Confiaríamos ainda às palavras e ao raciocínio
lógico as chaves do sentido? Limitaríamos a odisseia do personagem ao espaço
cênico fechado, convencional? O público seria observador/ouvinte ou companheiro
de viagem? Dublin seria uma paisagem da memória, da imaginação ou da composição
com a cidade aqui-agora da narrativa? Ulisses e sua amada atravessam os tempos
e nos alcançam, com sua coreografia de palavras e gestos, convidando-nos a
tentar compreender o nexo das coisas – incluído aí o próprio teatro.
Assisti a
uma das primeiras apresentações do trabalho, em Suzano, São Paulo. Ainda havia
ajustes a fazer em relação ao volume de voz, à clareza de algumas falas, ao
ritmo, à definição de alguns estados, por exemplo. Talvez com o tempo o grupo
possa envolver um pouco mais o público, se não fisicamente, ao menos na criação
de uma atmosfera mais intensa de cumplicidade para com o personagem que vaga.
Gosto de pensar que eu também, como espectadora, empreendi minha odisseia ate
chegar ao teatro. Gosto de pensar o espetáculo como um ponto significativo na
trajetória do meu dia. Um ponto que irei conservar na memória e poderei
recapitular para melhor compreender, como faz Ulisses.
Parabéns
à Cia Estrela d'Alva pela reunião de tantos e tão bons profissionais em torno
do projeto. Haveria muito mais a dizer. Sempre. Porém, fecho este breve
comentário falando do empenho dos atores. É tocante acompanhar tão de perto o
seu esforço. Vejo-os como duplos de seus personagens – Lígia e Paulo
perseguindo Molly e Ulisses, incansavelmente. Eles escapam, se escondem,
enganam os intérpretes. Talvez Joyce faça isso conosco também: ofereça pistas
que logo são retiradas ou mostram-se falsas. O fato é que os atores estão
também esgotados ao fim do espetáculo-jornada, e eu vejo que a busca ainda vai
continuar por muito tempo. Essa, dos artistas que querem propor novas maneiras
de fazer e fruir o teatro.
Adélia Nicolete
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